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sábado, 26 de maio de 2012

cometas


Talvez eles sejam os astros mais misteriosos de todo o Sistema Solar – e também os mais traquinas. Não é seguro tentar prever suas condições de visibilidade e, às vezes, um espetáculo anunciado pode se transformar num grande fiasco. Também não é raro sermos pegos de surpresa por um cometa novo, recém-capturado pelo Sol, que se torna a coqueluche do momento entre os astrônomos.

Bem-vindo ao universo dos cometas. Em geral eles não são astros muito grandes. Em cada um deles há um núcleo rochoso irregular com uns poucos quilômetros de extensão. Uma “bola de gelo suja” com dióxido de carbono, metano, amônia, água e alguns minerais.
COMETAS PODEM TER VÁRIAS CAUDAS. Quando um cometa está longe do Sol e o núcleo congela, seu brilho é muito fraco e ele não pode ser observado sem instrumentos. Porém, quando a coma se desenvolve, o pó reflete muito mais luz, e o gás na coma absorve radiação ultravioleta do Sol e se torna fluorescente.

Basta que um cometa se aproxime o equivalente a quatro ou cinco vezes a distância da Terra ao Sol para que o fenômeno da fluorescência se torne predominante e supere a luz refletida.

À medida que ficam ainda mais perto, a pressão da radiação e do vento solar faz com que eles percam matéria, que jorra para o espaço em diferentes velocidades.

As partículas de pó com mais massa são aceleradas devagar, e tendem a se formar uma fila que acaba se encurvando no espaço. Mas parte do material é ionizado e, por ser muito menos volumoso, recebe um impulso tão grande que se estende quase em linha reta para longe do cometa, na direção oposta ao Sol. É a cauda de plasma.

O cometa West, de 1976, exibe suas caudas. A de cor azul é a cauda de plasma, retilínea e composta por gás ionizado, e a branca é a cauda de poeira, que se desfaz em trilhões de partículas microscópicas.

A longa viagem

Fragmentos congelados de um cometa.

MUITO ALÉM DA ÓRBITA DE PLUTÃO há uma imensa região que lembra o Cinturão de Asteróides, aquele que fica entre Marte e Júpiter. Só que ali residem, silenciosamente, talvez uns 100 bilhões de astros pequenos, onde fragmentos de rocha e metal combinam-se com gases como o nitrogênio e o monóxido de carbono.

Congelados, esses núcleos escuros percorrem vagarosamente longas órbitas em torno de um Sol distante. Essa é uma região de fronteira. Por ali começa o meio interestelar, o reino dos outros sóis.

Uma pequena perturbação gravitacional é suficiente para lançar alguns deles definitivamente para longe - ou em direção ao Sol, num mergulho, algumas vezes, sem volta. É assim que eles acabam aparecendo em nosso céu, pois estamos bem perto do Sol e qualquer coisa brilhante que vá na direção do astro-rei acaba sendo vista daqui.

De sorte que esses astros escuros formam suas caudas luminosas justamente quando se aproximam do astro-rei. Por outro lado, essa sorte pode se transformar num prenúncio de catástrofe, na remota hipótese, porém plausível, de estarmos no caminho de um deles.
Quando morrem os príncipes
A OBSERVAÇÃO DE COMETAS É TÃO ANTIGA quanto o registro dos eclipses e funde-se com a própria história da humanidade. Na Antiguidade, era comum associá-los a maus presságios.

No ano 44 a.C., por ocasião da morte de César, um cometa brilhante visto em Roma foi acreditado como sendo o seu próprio fantasma! Bem mais recentemente, há 500 anos, logo depois que a frota comandada por Pedro Álvares Cabral partiu do Brasil em direção às Índias, um cometa de cauda comprida foi visto em pleno Atlântico Sul. Dias depois, um tufão afundou impiedosamente quatro naus e as que seguiram viagem encontrariam desafios terríveis.

Exageros à parte, cometas vistos a uma distância segura não trazem infortúnios, a não ser a tristeza para aqueles que perdem a ocasião ímpar de contemplá-los.

Mas que ninguém deseje ter estado na Terra no dia que um deles caiu sobre o Mar do Caribe, há 65 milhões de anos.

Naquela época nossos ancestrais eram mamíferos que tiveram a sorte de serem pequenos o bastante para resistir aos dias de escuridão, frio e pouca comida que se seguiram. Todos os outros seres vivos com mais de 15 kg não conseguiram sobreviver. À colisão desse astro se atribui a principal causa da extinção dos dinossauros.
As caóticas EJEÇÕES DE MATERIALde seus núcleos fazem questão de seCOMPORTAR COMO QUEREM
Não há, contudo, motivo algum para pânico. Travessos, esses belos astros parecem se divertir apenas por nos fazer perscrutar os céus por horas a fio à sua procura.

Astrônomos amadores do mundo inteiro fazem constantes descobertas. Em seguida, pesquisadores muito bem aparelhados fazem estimativas sobre o seu brilho quando passarem mais perto de nós.

Depois, as caóticas ejeções de material de seus núcleos fazem questão de se comportar como querem: promovendo saltos aleatórios de brilho, fazendo-os sumir entre as estrelas mais fracas ou resplandecer com uma luz tão intensa, que podem até ser observados à luz do dia. Afinal, são cometas!
  Alguns cometas de curto período
NomePeríodoExcentricidadeInclinação
Halley76,1 anos0,9673162,23°
Encke3,3 anos0,849911,93°
Borelly6,9 anos0,624230,32°
Tempel 15,5 anos0,519710,54°
Tempel 25,3 anos0,544412,43°
Tempel-Swift6,4 anos0,539113,17°
S-W 114,9 anos0,04479,37°
H-M-P5,3 anos0,82194,27°
Giacobini-Zinner6,6 anos0,707631,88°
Wild 26,4 anos0,54103,25°
Faye7,34 anos0,57829,09°
S-W 1: Schwassman-Wachmann 1.
H-M-P: Honda-Mrkos-Pajdusakova.

O núcleo do famoso cometa Halley, em foto da sonda Giotto.

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